No coração de Itabira, o Instituto Igualdade, Transformação e Inovação Social (ITI) vem ressignificando a costura como vetor de desenvolvimento humano, social e tecnológico. Com a criação da Fábrica Social – um espaço colaborativo de formação e produção –, o ITI alia tradição e inovação, promovendo inclusão e autonomia por meio do acesso à tecnologia e à capacitação profissional.
Costura com Tecnologia: Ferramenta de Futuro
Na Fábrica, as máquinas não são apenas instrumentos de trabalho: são extensões de uma nova forma de pensar o fazer manual. Equipamentos industriais modernos, corte digital, softwares de modelagem e oficinas de design têxtil fazem parte da rotina. Essa estrutura aproxima a comunidade de padrões profissionais antes exclusivos de grandes polos de moda.
Mais do que aprender a costurar, as alunas e alunos compreendem os fluxos contemporâneos da indústria criativa: tendências sustentáveis, empreendedorismo digital, produção sob demanda e uso consciente de materiais. Com isso, o ITI não apenas ensina a fazer roupas – ensina a pensar o mundo a partir do que se veste.

O Público Alvo: Mulheres Invisibilizadas e Juventudes em Risco
A maioria das participantes são mulheres que, historicamente, estiveram à margem dos processos produtivos formais. Algumas são mães solo, outras sobrevivem com a renda mínima de programas sociais. Para muitas, a costura foi ensinada por avós e mães como sobrevivência; o ITI transforma essa herança em ferramenta de transformação.
Mas a inovação mais sensível está na tentativa de envolver os jovens. Em uma era digital onde tudo parece automático, poucas profissões ainda exigem o envolvimento físico, criativo e emocional como a costura. O Instituto trabalha para romper a ideia de que costurar é “coisa de mulher”, “trabalho braçal” ou “antiquado”.
Através de oficinas voltadas ao público jovem, conectadas com moda urbana, customização, cultura periférica e estética de resistência, o ITI mostra que há espaço para a juventude na arte têxtil — inclusive como forma de expressão e identidade.
Exemplos Concretos: Muito Além do Discurso
Recentemente, um grupo de jovens formados pelo ITI colaborou com artistas locais para produzir figurinos de apresentações culturais da cidade. Em outra frente, mulheres capacitadas pela Fábrica lançaram uma linha de uniformes escolares produzida integralmente por costureiras do programa, com encomendas para cidades vizinhas.
Além disso, a Fábrica estimula o empreendedorismo: quem passa por ali pode criar sua marca própria com apoio em gestão, precificação, identidade visual e vendas online. A estrutura permite, inclusive, que ex-alunas usem os equipamentos de forma compartilhada após o curso – um modelo de coworking popular que reduz custos e aumenta a produção individual.


Caminho Aberto para o Amanhã
O trabalho do ITI mostra que o futuro da costura passa por três eixos fundamentais: tecnologia, inclusão e autoria. Ele permite que uma mulher que nunca teve um emprego formal passe a gerar renda e que um jovem sem perspectiva descubra na costura uma linguagem criativa e libertadora.
Mais do que ensinar um ofício, o ITI entrega dignidade, perspectiva e pertencimento. Em tempos em que a tecnologia frequentemente afasta em vez de aproximar, o Instituto cria pontes — e costura futuros com as próprias mãos de quem por tanto tempo foi invisibilizado.
